Após 'respiro' em 2023, UFMG teme impactos de redução orçamentária prevista para 2024: 'Déficit muito grande', diz reitora


Reitora Sandra Regina Goulart Almeida diz que prioridade é dar continuidade a obras paralisadas e reforçar assistência estudantil. Campus Pampulha da UFMG Foca Lisboa/UFMG/Divulgação Após quatro anos de obras paralisadas e contas atrasadas, devido a consecutivos cortes no orçamento, e um 2023 de "respiro", a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) volta a se preocupar com a redução dos repasses, desta vez prevista para 2024. O cenário de apreensão se repete nas demais instituições federais de ensino do país. Segundo a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, os quatro anos de gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão entre os mais difíceis da história da universidade. Em 2021, as verbas discricionárias da instituição somaram R$ 157 milhões, valor inferior ao de 2010, quando a UFMG tinha menos alunos e cursos de graduação. "Nós tínhamos 30 mil alunos, hoje são 50 mil. Criamos 31 cursos de graduação de 2010 para cá e estamos mais inclusivos, 54% dos nossos alunos vêm da escola pública, o que demanda recursos de assistência estudantil. Nós estamos maiores, melhores e mais inclusivos e tínhamos um orçamento anterior a essa expansão. É uma conta que não fecha", disse a reitora. De acordo com ela, a falta de recursos impactou todo o funcionamento da UFMG. Os contratos de empresas terceirizadas – como de limpeza e vigilância – foram reduzidos, obras, como o anexo da Escola de Música, tiveram de ser paralisadas, e o desenvolvimento de pesquisas foi prejudicado. A universidade também precisou atrasar o pagamento de contas de água e luz e atender menos estudantes com a assistência estudantil. Orçamento das universidades federais caiu 14% nos 4 anos de Bolsonaro, apontam pesquisadores da Unifesp 2023 e 2024 Neste ano, a situação melhorou. O governo federal fez recomposições orçamentárias, e o recurso chegou a R$ 245 milhões, atingindo o patamar de 2012. "A gente vai conseguir honrar nossas contas por causa dessas recomposições, mas a situação ainda é bem complicada. E, para 2024, o orçamento previsto é menor do que o deste ano", afirmou Sandra Regina. Segundo a reitora, a verba discricionária da UFMG prevista para 2024 é de R$ 232 milhões, o que representa uma queda de 5% em comparação com este ano. "A previsão de redução nos preocupa demais, porque tudo sobe, tem gênero alimentício que sobe, a água e a luz aumentam. A gente vem de um momento muito drástico, estamos em uma situação tão difícil, de consecutivos cortes orçamentários, e precisamos recompor para ter mais tranquilidade. Precisamos de um orçamento digno", disse. Na última semana, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que representa as 69 universidades federais e dois centros federais de educação tecnológica do país, publicou uma nota pública sobre o assunto. A Andifes afirmou que, embora reconheça "os avanços ocorridos" neste ano, as instituições federais de ensino superior ainda enfrentam "uma situação dramática" e se preocupam com a previsão de orçamento inferior para o próximo ano. Elas reivindicam um acréscimo de R$ 2,5 bilhões nos recursos discricionários no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) 2024. Segundo a associação, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou proposta de emenda acrescentando o valor ao orçamento das universidades, que totalizaria R$ 8,5 bilhões, mas o Relatório Setorial da Educação do PLOA 2024, aprovado pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, destina somente R$ 14 milhões a mais para as instituições. "Desse modo, a proposta de orçamento para 2024 continua muito aquém das necessidades das universidades federais", disse a Andifes. Prioridades Com 50 mil alunos, 93 cursos de graduação e 91 cursos de pós-graduação, a UFMG é a "universidade federal mais bem avaliada no Brasil", segundo o Índice Geral de Cursos (IGC) 2021 divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) neste ano. A federal de Minas Gerais desenvolve uma série de pesquisas internacionalmente reconhecidas, como a da SpiN-Tec, primeira vacina brasileira contra a Covid-19. Para a reitora Sandra Regina, para que o trabalho seja mantido, investimentos são necessários. "Este foi um ano em que a gente conseguiu muita coisa, mas muito ainda precisa ser desenvolvido, precisamos insistir nessa recomposição orçamentária. Temos um déficit muito grande que precisa ser atendido para que possamos cumprir nossa missão e atuar na formação de pessoas, na pesquisa de ponta e também no trabalho de extensão junto com à comunidade", afirmou. Segundo ela, as prioridades da UFMG são finalizar obras que foram paralisadas, reforçar ações de assistência estudantil, que garantem a permanência dos estudantes no ensino superior, e fortalecer a pesquisa. O que diz o MEC Em nota, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que "tem atuado para recompor o orçamento e fortalecer o ensino superior público, depois de anos de desmonte e descaso". "Neste ano, para as universidades federais, o MEC ampliou o orçamento encaminhado na PLOA 2023 em mais de R$ 1,3 bilhão, quando comparado ao ano anterior, sem cortes no decorrer do ano. Na sexta-feira (15), portaria complementou o custeio em R$150 milhões. O debate em torno da PLOA 2024 encontra-se em trâmites no Congresso Nacional", disse a pasta. Vídeos mais vistos no g1 Minas:

source https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2023/12/25/apos-respiro-em-2023-ufmg-teme-impactos-de-reducao-orcamentaria-prevista-para-2024-deficit-muito-grande-diz-reitora.ghtml
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