Entenda por que a tomada de reféns torna a resposta militar de Israel muito mais complexa

Segundo o Hamas, a quantidade de reféns é suficientemente grande para uma troca pela liberdade de todos os prisioneiros palestinos em cadeias em Israel --são mais de 5.000. Catar afirma que está mediando libertação de reféns levados pelo Hamas sob coordenação dos EUA Nesta segunda-feira (9), após Israel bombardear a Faixa de Gaza durante horas, um porta-voz do grupo islâmico extremista armado Hamas afirmou que iria executar um refém israelense para cada edifício palestino bombardeado sem aviso. Essa foi a primeira vez que o Hamas fez uma ameaça pública aos reféns que o grupo capturou em Israel desde o sábado (7). Participe do canal do g1 no WhatsApp No sábado, combatentes do Hamas invadiram o território de Israel a partir da Faixa de Gaza. Eles mataram pelo menos 900 pessoas e tomaram reféns. O governo de Israel declarou guerra contra o Hamas já no sábado. Desde então, as forças armadas israelenses têm bombardeado a Faixa de Gaza, e os israelenses estão se preparando para uma invasão por terra (leia mais abaixo). Reféns estão na Faixa de Gaza Ainda não se sabe qual é o número exato de reféns. A Jihad Islâmica, um grupo aliado do Hamas, afirmou que está com 30 deles. Estima-se que no total seja um número entre 100 e 150. A ameaça de execução foi feita por um porta-voz do Hamas, Abu Abaida. Em um discurso gravado em vídeo, ele afirmou que Israel deve estar pronto para “pagar o preço” pela liberdade dos reféns. Entenda abaixo como a tomada de reféns dificulta a ação militar israelense contra o Hamas Sabe-se que entre os reféns levados para a Faixa de Gaza há soldados israelenses, pessoas idosas, mulheres e crianças. LEIA MAIS: TREZENTOS MIL: Israel convoca número sem precedentes de reservistas no país SANDRA COHEN: Reféns em Gaza mudam a equação da guerra para Israel GAÚCHO, CARIOCA: Saiba quem são os brasileiros desaparecidos em Israel Trocas de refém por prisioneiros no passado Em 2011, Israel aceitou fazer uma troca: liberou centenas de prisioneiros em troca da liberdade de um único soldado, Gilad Shalit, que era mantido refém por cinco anos. Esse tipo de acordo é mais difícil em uma situação em que há dezenas de pessoas detidas. Aaron David Miller, um acadêmico do Carnegie Endowment para Paz Internacional, afirmou para a agência Reuters que o Hamas levou os reféns para Gaza como uma espécie de “plano de seguro” contra ações de retaliação de Israel, especificamente um ataque por terra. “Se os números [de reféns] forem grandes, como isso não iria restringir a ação de Israel?”, questiona. O Ministério de Relações Exteriores de Israel afirmou que vai agir para liberar os reféns, atacar a estrutura do Hamas e garantir que nenhum grupo terrorista (de acordo com os israelenses) faça mal ao país novamente. Uma ação militar pode ser perigosa, e uma negociação prolongada com o Hamas para uma troca pode simbolizar uma derrota. Negociação nos próximos dias O vice-chefe do Hamas, Saleh al-Arouri, disse à rede Al-Jazeera que o Hamas tem um grande número de reféns, que seria suficiente para garantir a liberdade de todos os prisioneiros palestinos. Hoje há cerca de 5.250 prisioneiros palestinos em prisões em Israel de acordo com estimativas da Associação de Prisioneiros Palestinos. Se Israel aceitar libertar todos eles, isso representaria uma grande vitória para o Hamas e para os outros grupos extremistas. Por isso, essa não deve ser uma negociação que o governo israelense deve aceitar com facilidade. Para Mohanad Hage Ali, um acadêmico de Estudos do Oriente Médio do Carnegie Center, aparentemente as negociações são o único caminho desimpedido. Confrontos em Israel e nos Territórios Palestinos Governo tenta aumentar base de apoio O governo atual de Israel é um dos mais conservadores da história de Israel. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro, convidou os líderes da oposição para formar um governo de coalizão. Dessa forma, ele teria apoio para suas ações nesse caso. Um dos irmãos de Netanyahu morreu justamente em uma ação para resgatar reféns: em 1976, o irmão mais velho dele, Yonata Netanyahu morreu na operação para resgatar as pessoas que tinham sido sequestradas e levadas de avião para o aeroporto de Entebe, em Uganda. Anos antes, em 1972, os membros da equipe olímpica de Israel foram assassinados em um sequestro por um grupo de terroristas palestinos durante os Jogos de Munique, na Alemanha Ocidental. Ação na Faixa de Gaza Durante sua gestão como chefe de governo de Israel, Netanyahu não mostrou disposição ou interesse para campanhas militares na Faixa de Gaza, que é um local difícil para confrontos, porque lá vivem mais de 2 milhões de pessoas, além de ser controlada pelo Hamas. A política de Israel tem sido isolar a Faixa de Gaza e atacar com bombas e mísseis. Em 2004, os israelenses mataram o líder espiritual do Hamas, o xeique Ahmed Yassin, com disparos a partir de um helicóptero. Esses ataques, no entanto, não foram suficientes para remover o Hamas do poder. Entenda o que aconteceu até agora ▶️ Como começou o conflito entre o Hamas e Israel? A mais recente disputa na região começou em 7 de outubro, quando o Hamas realizou um ataque-surpresa contra Israel. Essa foi a mais violenta ação contra o território israelense dos últimos 50 anos. Os serviços de inteligência do país não conseguiram antecipar que uma ofensiva dessa magnitude estava sendo preparada. ▶️ O que é o Hamas? O grupo extremista armado é uma das maiores organizações islâmicas dos territórios palestinos e, desde 2007, controla a Faixa de Gaza. O Hamas é considerado um grupo terrorista por países como os Estados Unidos e o Reino Unido. ▶️ Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou lançados 5 mil foguetes. Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país. Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza. ▶️ Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação. "Estamos em guerra e vamos ganhar", disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque. "O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu." Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza. ▶️ Quantas pessoas morreram? O balanço mais recente das autoridades locais indica que ao menos 1.300 pessoas morreram, sendo 900 em Israel e cerca de 700 na Faixa de Gaza. Milhares de pessoas ficaram feridas. ▶️ O que é e onde fica Faixa de Gaza? É território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito. Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km² -- um pouco menor que Santa Catarina. Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira. ▶️ Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes. Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico. ▶️ Quando Israel foi reconhecido como um Estado? Em 1948. Desde então, vem ocorrendo uma disputa por território na região, e vários acordos já tentaram estabelecer a paz na região, mas nehum deles teve sucesso. ▶️ Qual é a diferença entre israelenses e palestinos? Israelenses são cidadãos do Estado de Israel, criado em 1948. Palestinos são o povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.

source https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/10/10/entenda-por-que-a-tomada-de-refens-torna-a-resposta-militar-de-israel-muito-mais-complexa.ghtml
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