Abandono, solidão e recomeço: as histórias dos idosos e de quem luta por uma velhice mais digna


Os cuidados com a terceira idade foram o tema do Profissão Repórter desta terça-feira (17), que mostrou como funciona o atendimento em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Assista à íntegra. Abandono, solidão e recomeço: as histórias dos idosos brasileiros O Profissão Repórter desta terça-feira (17) mostrou como funcionam os serviços de assistência aos idosos no Brasil. Desde o ano 2000, o percentual de pessoas com mais de 60 anos praticamente dobrou – subiu de 8% para 15%. E, com esse crescimento, aumentaram as denúncias de maus-tratos a idosos, seja com abandono ou agressões. Em Poá, na Grande São Paulo, um abrigo filantrópico luta para dar dignidade a pessoas que, em maioria, foram deixados à própria sorte pelos familiares. Mãe e filho no mesmo abrigo Um dos pacientes atendidos pelo Lar Mãe Mariana é a idosa Luiza Maria de Vasconcelos, de 86 anos. Ela está lúcida, mas se internou no abrigo da Grande São Paulo. O motivo: ela decidiu acompanhar o filho mais velho, deficiente intelectual. Idosa se interna em abrigo para acompanhar filho que é deficiente intelectual “Quando eu estava esperando ele, eu tive meningite e o cérebro dele não cresceu. Ele tem uma mentalidade de uma criança cinco anos”, explicou Luiza. Infância difícil e vício em drogas No mesmo abrigo, dois homens enfrentam problemas diferentes. Pedro Cipriano, de 75 anos, foi morador de rua e veio da Paraíba para São Paulo na adolescência. Ele contou que vivia com usuários de drogas e que a sobrevivência sem um teto era difícil. Pedro Cipriano, de 75 anos. Reprodução/Profissão Repórter Já Eleon de Oliveira Rodrigues, de 63 anos, se tornou viciado em crack depois de começar com álcool. Sóbrio há um ano, ele sonha em voltar à vida normal fora do abrigo. Viciado em crack tenta se recuperar aos 63 anos em lar para idosos A Deise Silva de Andrade é assistente social e trabalha na instituição. Ela conta que o que deseja é fornecer uma família mais digna aos pacientes internados. "Acho que parte da sociedade não entendeu ainda que o processo virou, que o envelhecimento chegou e que não temos condições de cuidar dos nossos idosos", completou. No Lar Mãe Mariana, vivem 46 idosos, apenas quatro são considerados lúcidos. É o caso de Olga Enéias Ximenes, 65 anos. "Você fica muito tempo sem falar com alguém e quando aparece alguém lúcido para conversar, você não para mais. Conversa horas", disse ela. Idosa reclama de solidão em abrigo Disque 100 No ano passado, o Disque 100 atendeu em média mais de 30 mil denúncias por mês, quase oito mil relacionadas aos idosos. A repórter Danielle Zampollo e o repórter cinematográfico Fernando Grolla acompanham casos de violência contra idosos em Brasília e mostram como funciona o atendimento oferecido serviço do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. “A pandemia gerou um espaço muito propício para essas violações. Famílias confinadas, a interrupção de tratamentos, os cuidadores também foram afetados, o que dificultou ainda mais a questão do revezamento de cuidados, a precariedade financeira também”, afirmou Monize Marques, juíza coordenadora da Central Judicial do Idoso. Disque 100 recebe denúncias de crimes contra idosos Kelly Garcês, coordenadora do Disque 100, reforçou que o serviço garante o anonimato de quem denuncia. "As denúncias do Disque 100 têm um sucesso lá na ponta. Alguém é preso, idosos são tirados de cárcere privado e a pessoa denunciada pode querer se vingar", disse Kelly. Números do Disque 100 no ano de 2022. TV Globo/Reprodução Uma das denúncias recebidas pela Decrin levou a equipe do Profissão Repórter até a casa de Elias da Silva, de 90 anos, encontrado pelos policiais em situação de maus tratos e abandono. João Carlos, que é um dos quatro filhos do idoso e o único que também mora na residência, transformou a casa do pai em um depósito para os recicláveis, que recolhe na rua. Idoso foi encontrado em situação de abandono dentro da própria casa. TV Globo/Reprodução Agente Experiente No Rio de Janeiro, o projeto ‘Agente Experiente’, contrata idosos para prestar assistência a outros idosos, com visitas domiciliares semanais. Josélia da Silva Santos, 95 anos, mora sozinha em um apartamento no Rio de Janeiro. Ela contou que tem mais de um ano que não sai de casa, mas que tem uma companhia que sempre aparece para fazer companhia. É Josefa Dantas, 77 anos, uma das agentes experientes contratadas pela prefeitura. Josélia e Josefa: duas idosas que se conheceram na velhice e enfrentam juntas a solidão "Graças a deus eu encontrei amigas que estão fazendo o que uma família deveria fazer", diz Josélia. Há nove anos ela perdeu o único filho, que morreu de cirrose. Um sobrinho que a visitava, deixou de aparecer. "Eu sinto muita falta, porque ele é a única pessoa da família", contou. Josefa também mora sozinha, não se casou e não teve filhos. Veio ainda jovem da Paraíba para trabalhar como doméstica no Rio de Janeiro. "Sou eu, sozinha e Deus". Veja a íntegra do programa: Edição de 17/10/2023 Confira as reportagens do programa:

source https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2023/10/18/abandono-solidao-e-recomeco-as-historias-dos-idosos-e-de-quem-luta-por-uma-velhice-mais-digna.ghtml
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