O que se sabe do caso da menina baleada por um agente da PRF no Arco Metropolitano


Família diz que não houve qualquer sinal para parada e que inicialmente agentes disseram que tiros vieram de outro local. Policiais disseram que perseguiam carro porque ele constava como roubado no sistema e ouviram barulho de tiro. Menina de 3 anos é baleada durante abordagem da PRF a carro no Arco Metropolitano A menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, foi baleada dentro do carro da família no Arco Metropolitano na altura em Seropédica, na Baixada Fluminense. O autor do disparo era um policial rodoviário federal, que afirma que ele e colegas perseguiram o veículo depois de constatar que o carro era roubado. Veja o que se sabe sobre o caso até agora: Como foi a abordagem, segundo a família A criança estava no carro com os pais, a irmã de 8 anos e uma tia quando disparos foram efetuados contra o veículo. Os parentes disseram logo após o fato que o tiro partiu de agentes da PRF, o que foi admitido pelo autor do tiro. Pai da menina baleada, William Silva, que dirigia o veículo, disse que passou pelo posto da PRF em Duque de Caxias e não foi abordado em nenhum momento, mas percebeu que uma viatura da polícia passou a segui-lo e ficou muito próximo ao seu carro. “A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento que a gente passou. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: ‘Bom, tudo bem, mas eles não sinalizaram para parar’. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos”, explicou ele. Ainda segundo William, a reação dele foi sair o mais rápido possível do carro para os policiais saberem que era uma família que estava no veículo. "Eu coloquei a mão para o alto, saiu todo mundo, só a minha menorzinha que ficou dentro do carro. Aí foi a hora que eu entrei em choque, em desespero, e a gente veio para esse hospital", lamentou. Ele afirma ainda que inicialmente os agentes disseram que os disparos vieram de outro local e não foram os autores dos tiros. Ponto onde o carro da família de Heloisa foi atingido no Arco Metropolitano Reprodução/RJ2 Qual é a situação de Heloisa ? Heloisa foi levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde passou por uma cirurgia. A criança foi atingida por duas balas. Uma entrou pelas costas, atingiu a coluna e deixou fragmentos na cabeça. A outra está alojada no ombro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, Heloisa chegou na unidade com baixo nível de consciência, foi sedada e entubada. Após a realização de exames de imagem, ela passou por uma cirurgia de risco. Em um boletim divulgado na tarde desta sexta, a secretaria acrescentou que a paciente está entubada, no CTI do hospital, e seu estado é grave. Carro onde estava a menina Heloisa Reprodução O que dizem os agentes Três policiais rodoviários federais estavam na viatura no momento da abordagem: Fabiano Menacho Ferreira, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva. Em depoimento na 48 ª DP (Seropédica) Fabiano admitiu que efetuou os disparos. Ele afirmou que atirou depois que ouviu um barulho de tiro. Fabiano disse que ele e dois colegas começaram a perseguir o veículo depois que foi constatado que o carro era produto de um roubo. O agente disse que "depois de 10 segundos atrás do veículo", os policiais "escutaram um som de disparo de arma de fogo, chegando a abaixarem-se dentro da viatura". Ele admitiu que efetuou três disparos com um fuzil calibre 556 na direção do Pegeaut onde a criança estava com a família "pois a situação lhe fez supor que disparo que ouvira veio deste veículo". O agente admite que os disparos atingiram a menina e conta que socorreu a vítima em sua viatura ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes. Assim como Fabiano, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva afirmam que o giroflex e sirenes da viatura que usavam no momento da abordagem estava ligado. Também afirmaram que tiveram a impressão que estavam em uma troca de tiros. Menina de 3 anos é baleada dentro do carro em uma ação da PRF na Baixa Fluminense (RJ) O carro era mesmo roubado ? Segundo a polícia, o carro, um Pegeaut Passion 207 cinza, tem, de fato, um gravame (registro em um sistema nacional) de furto desde agosto de 2022. O motorista e pai da criança, William Silva, disse que comprou o veículo este ano de um amigo e que não sabia que estava irregular. O homem que vendeu o carro a William também foi ouvido pela polícia. Ele também tinha comprado o veículo usado e também afirmou que não havia informações sobre roubo no site do Detran quando ele adquiriu o carro. Afirmou que William pagou R$ 5 mil em espécie pelo veículo, mais um Fiat Palio no valor de R$ 2 mil, um Fiat Uno sem motos, também no valor de R$ 5 mil mais 10 parcelas de R$ 750. Como está a investigação do caso? A Polícia Federal informou que recebeu a ocorrência feita pela Polícia Civil e instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias dos fatos. A investigação ficará a cargo da Delegacia de Polícia Federal em Nova Iguaçu, em razão do local da ocorrência. O procurador da República Eduardo Benones, coordenador do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Federal, também determinou a instauração de um procedimento investigatório sobre o caso. Os três policiais foram afastados. O ministro da Justiça, Flávio Dino, pediu esclarecimentos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre a abordagem. Em uma postagem em uma de suas redes sociais, o ministro classificou a ocorrência como uma "tragédia". Flávio Dino disse ainda que a PRF terá que acelerar a "revisão da doutrina policial e manuais de procedimentos". Qual é o protocolo para esse tipo de abordagem ? Diretor da PRF: 'Não é permitido disparo de arma de fogo para veículo em fuga' O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Antonio Fernando Souza Oliveira, disse nesta sexta-feira (8) que o fato de a menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, ter sido atingida por um tiro dado por um policial rodoviário federal "não é um método aceito pela PRF". "A gente precisa marcar que não é um método aceito pela PRF, isso não está previsto em nenhum dos nossos manuais. Pelo contrário, nós temos uma portaria interministerial de 2010, assinada pelo então presidente Lula, a portaria 4226, que ela deixa claro (...) que é vedado o disparo de arma de fogo contra veículo que fugiu de bloqueio policial ou que não atendeu a ordem de parada. E aí independente se essa ordem existiu ou não existiu. Não é permitido o disparo de arma de fogo para o veículo que está em fuga, a gente tem que fazer o acompanhamento tático", afirmou ao Estúdio i, da Globonews. 🔔 O g1 Rio agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e para receber as notícias do Grande Rio direto no seu celular!

source https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/09/09/o-que-se-sabe-do-caso-da-menina-baleada-por-um-agente-da-prf-no-arco-metropolitano.ghtml
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