Em seis meses, mais de 7 mil crianças foram registradas sem o nome do pai no RJ


No Dia dos Pais, a dor do abandono pode até apertar o peito, mas o amor de outras pessoas ajuda a superar. A falta de presença paterna é um problema que afeta várias famílias brasileiras. No Dia dos Pais, comemorado neste domingo (13), a dor é grande para muitas pessoas, mas outras formas de amor ajudam a superar a ausência. Só nos primeiros seis meses deste ano, 7.200 crianças foram registradas sem o nome do pai no Rio de Janeiro. Nos últimos 10 anos, foram mais de 180 mil certidões na mesma situação, segundo a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Rio. Mesmo assim, muitas pessoas ressignificam a dor do abandono. É o caso do motorista Jerônimo Alves, que nunca conheceu o pai, sequer foi registrado, e hoje tenta ser o melhor pai para as três filhas. “Eu tive ausência do meu pai desde muito cedo, por conta de ele não ter me registrado, não ter a presença dele paterna. Eu tive uma mãe de criação e uma mãe biológica e hoje transformei tudo isso em muito mais amor pra dar pras minhas filhas”, conta. Jerônimo Alves tenta ser o melhor pai possível para enfrentar o abandono sofrido Reprodução/TV Globo No entanto, uma psicóloga afirma que a ausência paterna pode deixar feridas abertas a vida inteira. “A pessoa tem aquela pulguinha atrás da orelha de se perguntar: será que essa pessoa vai estar presente pra mim? Será que esse vínculo é de segurança? Será que eu posso contar com as pessoas?”, diz Ana Streit. Alguns casos são de abandono depois do nascimento. O genitor até registra o filho, mas não exerce seu papel paterno. Número de certidões sem o nome do pai Reprodução/TV Globo O pai da estudante Vitória Rodrigues, de 19 anos, a expulsou de casa. Foi nos irmãos e na mãe que ela encontrou apoio depois que todos eles sofreram violência doméstica. "Às vezes, na escola, eu tinha umas crises de ansiedade muito intensas. Nas apresentações da escola era muito difícil ver que as pessoas tinham os pais delas ali. Meu pai não tá aqui, mas a minha mãe nunca me deixou na mão”, relata a jovem. Família sofreu violência doméstica Reprodução/TV Globo Os filhos da diarista Regina Célia viveram ao lado dela a violência que ela passou com o ex-marido. Para eles, não havia a figura de pai. “Ele nunca deu amor pra mim e acaba que eu não consigo lidar muito com isso”, lamenta o adolescente Vitor Rodrigues. Já Jerônimo diz que, mesmo 44 anos depois, gostaria de passar o domingo com a presença paterna que nunca teve. "Talvez hoje com a minha maturidade, a ausência dele vai ficar sempre no meu coração. Eu só quero ser diferente do que ele foi pra mim”, diz o motorista. Jerônimo e as filhas Reprodução/TV Globo

source https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/08/13/em-seis-meses-mais-de-7-mil-criancas-foram-registradas-sem-o-nome-do-pai-no-rj.ghtml
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